Carta de Clarice Lispector a sua irmã Tânia

"(...)não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
(...)é somente até certo ponto que a gente pode desistir de si próprio e se dar aos outros e a s circunstâncias. Depois de uma pessoa perder o respeito de si mesma e o respeito de suas próprias necessidades, depois disso fica-se um pouco um trapo.(...)há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo(...) Para me adaptar ao que era inadaptável(...)tive que cortar meus aguilhões, cortei em mim a força que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força(...) Não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado.
(...) respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita- não copie uma pessoa ideal, copie você mesma -esse é o único meio de viver." ("correspondências" - Clarice Lispector)

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