Para os paulistanos que não aprenderam que viver é mais importante que sobreviver

"É lugar comum falar da solidão do homem moderno no seio de uma civilização dilacerante. O homem, contudo, não sofre apenas dessa solidão, mas também, e principalmente, de uma divisão profunda de seu ser. Nós dissociamos a educação do corpo da educação do espírito e ambas da desse centro (e aqui, mais uma vez, tropeçamos nas palavras) a que chamamos, segundo nossos costumes, alma, coração, intuição, conhecimento transcendente. As ciências fisicas e naturais fazem abstracção desse princípio e de sua difusão no universo. Nossa religião não satisfaz às necessidades da inteligência. Nosso intelecto nega o corpo ao passo que a medicina nada quer saber da alma ou do espírito.
Um universo de atrofiados, paralisados durante todo o dia no escritório, no automóvel, em casa, diante da televisão, à mesa, e que, durante a semana, só fazem funcionar uma parcela mínima de córtex cervical, precipitam-se, quando chega o week-end ou feriado, numa atividade pseudo-esportiva incoerente e sem qualquer relação com a existência profunda de cada um de todo o mundo: aqui o espirito, lá o corpo, mais adiante o sexo, do outro lado o coração - vivissecção incessante cujo tormento é profundamente sentido por todo ser humano nos dias de hoje."
Maurice Béjart ( Bailarino e coreógrafo, no prefacio do livro ´Dançar a vida´, de Roger Garaudy)

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